segunda-feira, 7 de setembro de 2009

INTERVENÇÃO DE CARLOS GOMES

INTERVENÇÃO DE CARLOS GOMES na Apresentação da Lista de Candidatos do Partido Socialistaà Assembleia de Freguesia de Beringel
1 – AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer a presença e companhia de todos. E naturalmente, um agradecimento especial pelo Dr. José Barriga e o Dr. Jorge Pulido Valente.

2 – ENQUADARMENTO
Sejam quais forem as motivações que vos trazem cá, permitam-me que expresse algo que pode ser comum a todos: A expectativa pela nossa Lista, pelo nosso projecto, pelas nossas ideias, pela nossa atitude e energia.
O facto da nossa …eu diria “ emergência “, é já um acontecimento. Algo mudou no ambiente em Beringel, com a nossa iniciativa.
Isso expressa, tal como o reverso de uma medalha, uma certa apatia, acomodação, como se não houvesse nada a fazer, a falta de participação cívica.
O que reenvia para a minha presença aqui – não sendo uma pessoa envolvida publicamente em acontecimentos que revestem um carácter político, estar aqui é uma certa surpresa para alguns; talvez a minha decisão possa ter algo também de surpreendente para mim próprio. (Mas isso faz parte do meu auto-conhecimento).
Mas, há uma imagem que os outros têm de nós, construída ao longo de anos, acompanhando o nosso trajecto, como pessoa e neste caso com beringelense. Isso levar-me-ia à minha infância, adolescência, juventude e fase adulta, inclusive aqui.
O que vos posso dizer é que as minhas raízes continuam vivas. E isto quer dizer que sou filho desta terra em primeiro lugar.
Terra cujas gerações foram sempre expressivas no seu carinho comigo, chamando-me ainda hoje por “ Carlinhos “.
Por isso, quando uma geração, jovem, com laços sociais fortes à sua terra, enquadrou o desafio que me foi feito para esta jornada/caminhada, eu não pude dizer não.
A minha ausência, durante alguns anos, por motivos profissionais e, mais tarde, familiares, não apagaram as minhas raízes da alentejano ( e esta é uma palavra forte, tem muito sangue, que o digam os elementos do Grupo Coral de Beringel, cujo cantar à vida, e ondular em grupo, lhes permite ter uma comunhão inexpremível por palavras, com a terra mãe, o Alentejo vivido em Beringel ).
Voltando ao desafio, quero falar ainda desta equipa escolhida e apresentada. São jovens, têm família constituída aqui, estão preocupados com o futuro e o futuro dos seus filhos e do ambiente em que são criados.
Têm a sua vida profissional definida. Não precisam de estar nesta iniciativa, ímpar, para outros fins alheios a ela.
Depois, é uma equipa diversificada, com diversas profissões, saberes e contributos que se complementam.
Conhecem bem a sua terra, as suas dificuldades e, face à sua postura e competências, sabem pensar por si próprios. É algo que deve ser valorizado e significativo. Pois, onde estão as elites – os elementos dinamizadores e com visão da nossa terra? Esta questão diz-me particularmente respeito.
Acompanhei o que eles não puderam acompanhar, conheci dinâmicas geracionais, antes e pós o 25 de Abril, que provam o desabrochar, num contexto sociológico específico, de que Beringel já teve gerações com algum carácter de liderança.
Mas perderam-se. Porquê? Por razões estruturais, que ainda se mantèm, e que explicam os fenómenos das migrações internas e externas.
Vi algo nesta equipa que pode perspectivar uma evolução não castrada. É uma equipa com raízes e que alimenta as suas árvores da vida, cá.
Então porque não olhar a sua entrega, a sua energia, a sua diversidade, a sua formação moral, no sentido de, com acesso ao espaço de representação do Povo, poderem contribuir para uma dinâmica que envolva outros beringelenses à volta de um projecto que nos dê vida?
O que encaminha o meu pensamento para uma outra leitura da realidade. Há que pensar, Há que pensar a nossa terra como um todo e fazendo parte de um todo mais vasto, o concelho, o distrito, o país e porque não o mundo. É este pensamento global, que cria sinergias, que nos tem faltado.

Não basta medidas avulsas, ainda que colocadas sob um ideia comum: ex. vamos arranjar as ruas, as estradas tal e tal, ampliar a Cada Mortuária, criar um equipamento para a 3ª idade. Será que alguns sabem que já há uma 4ª idade?!

É preciso mais e diferente e, Beringel, Nós, merecê-mo-lo, Porra! É a nossa vida que está em questão e queremos vivê-la.
Há muita coisa esteriotipada, enformada, na forma de pensar dos últimos anos em Beringel.
Então não podemos ver? – Visão

3 - O QUE É PRECISO FAZER PELO GOVERNO DA PROXIMIDADE
- Ouvir as pessoas, as suas sugestões, partilhar com elas projectos, fazê-los com elas, não aprovar sem as ouvir.

- Porque não fazer um Programa com a colaboração delas?
Ou a proximidade é apenas para mover influências, à volta de interesses particulares, ou para agradar àquela pessoa, naquele ou noutro cargo, sem negociar contrapartidas, para a dinamização da comunidade?

- A ideia de processo, que passa pela proximidade, mas sobretudo pelo envolvimento, pela boa vontade, confiança e responsabilidade.

- Responsabilidade com nós próprios, pelo nosso crescimento como pessoas, como associações, como parceiros e partes de projectos. Onde estão as iniciativas para essa dinâmica social?

- Visão que tem por base, como em tudo os alicerces. É a nossa Vila, que pela sua centralidade em relação a outras Freguesias, que deve ter um papel no sentido de se aproximar delas, fazer parcerias e projectos comuns. Temos agora a barragem, um recurso óptimo, para explorar ideias e projectos comuns.

4 – TRABALHO EM REDE
Temos os chamados equipamentos sociais – então porque não desenvolver parcerias com as outras Freguesias, para fazer algo útil a todos os habitantes envolvidos? A união não faz a força?

- O empreendedorismo não será fruto, não só da iniciativa, do acesso à informação e formação, mas sobretudo de um trabalho em rede? Para troca de informação, partilha da Bibliotecas em rede, partilha de dinamizadores culturais em parceria, execução de projectos de circuitos gastronómicos, culturais e pedonais?

- Como é possível perspectivar o futuro das nossas tradições? A nossa cultura material, antropológicamente falando? Refiro-me à nossa Olaria. Porque não se têm criado parcerias de formação profissional, com um recurso aqui tão perto - o Colégio? Ou Escolas Profissionais?

- E o museu de Beringel? De fruto tão desejado, cuja ideia de tão batida, até já parece caduca. Beringel, como Freguesia, não merece, como outras Freguesias, ser olhado pela Autarquia como tendo uma história/memória específica a ser preservada, podendo até ser alusiva e representativa de outros saberes, além da olaria.

- E a rede social, não nos merece uma atenção muito especial, quando há carências de vária ordem? Não é melhor começar pelo princípio? Precisamos de um levantamento rigoroso das necessidades das famílias, das crianças, jovens, idosos, deficientes, desempregados e das habitações. Levantamento que seja a base para procurar soluções: Criar um Centro de Dia? Requalificar os equipamentos existentes? Melhorar a resposta dos existentes? Articular o social com a saúde? Acompanhar as situações? Criar oficinas, em parceria com outras Freguesias, para responder a trabalhos domésticos – carpintaria, canalização, pintura, construção civil? Criar grupos de voluntários para combater o isolamento social?
Acção social escolar? Pertencer ao CLAS – de forma a serem aprovados projectos, a acompanhar o apoio social na região, a obter informação sobre fontes de financiamento.

- E os jovens? – Não há nada a fazer. Está tudo feito. Basta fazer referência a eles.
Onde está a possibilidade de os jovens, representados por eles próprios, serem ouvidos nalguns projectos, ao nível da Assembleia de Freguesia? Como dinamizar a participação dos jovens? – debates, convidados, parcerias ao nível do Concelho.
Viagens, requalificação de espaços ( desporto ), uso de novas tecnologias.

Muito haveria mais para dizer. Estas são apenas propostas, a serem operacionalisadas no nosso Programa.
Pensamos que o nosso objectivo foi atingido: - mostrar que somos diferentes, que temos ideias e recursos para criar outra dinâmica para os Beringelenses.

Contem connosco, TODOS UNIDOS POR BERINGEL, PORQUE BERINGEL MERECE MAIS E MELHOR.

1 comentário:

Cristina disse...

(...)"raízes da alentejano ( e esta é uma palavra forte, tem muito sangue, que o digam os elementos do Grupo Coral de Beringel, cujo cantar à vida, e ondular em grupo, lhes permite ter uma comunhão inexpremível por palavras, com a terra mãe, o Alentejo vivido em Beringel )." CG
Este respigo da intervenção e o bonito encontro de Beringel no seu coração- o Rossio- deram-me uma ideia que quero partilhr: - Por que não juntarmo-nos à volta do Grupo Coral,no primeiro domingo de cada mês. Onde? No Rossio, claro.
Seja qual for o resultado, pois há vida para além de 11 de Outubro.
Obrigada.
Cristina